Advogados X Psicólogos

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Um movimento entre os advogados de família tem crescido: os que se auto intitulam mediadores dos conflitos familiares.

Eu sou da velha guarda e serei metralhado por dizer o que penso mas, direi mesmo assim.

É obrigação do advogado mediar as questões processuais.

As questões psicológicas e a dinâmica doente das famílias, não são nosso foco, nosso objetivo nem, tampouco, temos conhecimento técnico para tanto.

A razões são muitas e muito simples. Primeiro, num litigio instalado ou que se instalará processualmente, não somos advogados de todos, senão não seria um litígio. Não sendo advogado de todos, não ouvimos a história de todos os lados e, cabe ao advogado defender o seu cliente. Norteando-o sempre para o cumprimento da lei e da defesa dos interesses familiares.

Segundo, não temos aparato técnico de mediadores e psicólogos para entender os conflitos internos que levaram cada um daqueles gladiadores para a arena processual.

Que fique muito claro, dentro do mais alto atendimento à ética profissional, não se pode ser advogado, mediador e psicólogo.

Há profissionais que têm estas formações correlatas mas, não entendo como se poderia – já que se colocou a questão objeto do processo para a decisão de um juiz – mediar ou psico analisar a questão processual.

As famílias quando chegam a um litigio dessa esfera do Direito, já estão destruídas psicologicamente e, somente uma decisão judicial poderá (ainda que deixe uma das partes descontente com o resultado), retomar a vida dali pra frente.

Ouso dizer que os advogados que se metem a conciliar casais ou mesmo mediar questões extra processuais incorrem em um resvalo ético e, não estão trabalhando à luz do Código de Ética.

Nesses muitos anos trabalhando com o Direito de Família, já vi até casais saírem reconciliados da sala do Juiz (antigamente o Juiz fazia uma audiência só com as partes, antes de chamar os advogados, tentando conciliar o casal) mas, esse foi o único caso de uma carreira de trinta anos.

Conduzir um acordo entre as partes quando é possível, é questão primordial para o advogado e para o cliente mas, reconciliar interesses fora do mundo processual é trabalho do psicólogo.

Os profissionais do Direito de Família, por certo, são acolhedores, mais observadores das questões pessoais e, estão alinhados com o cliente no sentido de que aquele processo deve fazer o mínimo de dano possível aos envolvidos.

Todavia, os danos causados de parte a parte antes e durante o processo judicial, não é questão que deva ser a tônica do advogado que milita no Direito de Família.

Há pouco, em um processo, conheci uma parte contrária que era advogado e psicólogo, ou seja, tinha as duas formações e as duas graduações. Não me pareceu que ambas as formações tenham tido possibilidade de, em algum momento processual, se encontrarem para se darem as mãos.

Ao contrário, uma graduação puxa para um lado e a outra puxa para outro, criando uma celeuma sem precedentes.

Também já vi advogados e, estive com eles em processos, que eram formados em Direito e em Engenharia. Trata-se de igual situação. A maioria dos formandos de Direito não têm intimidade com a matemática e, o cérebro de humanas é diferente do cérebro de exatas, se é que me entendem.

Deixado de lado o humor com que sempre escrevo, o fato é que não se deve misturar nunca as estações. Trabalhar até em prol da parte contrária quando um acordo está a surgir, é questão fundamental para o advogado de família ser bem sucedido nas questões de seus clientes. O acordo é bom para o cliente, é bom para a parte contrária e é bom para o judiciário. Sobretudo, o acordo é bom para aquela família que estava desmoronada. Mas, este é o mundo ideal e no mundo real, nem sempre se chega ao acordo e, na maioria das vezes, aguarda-se a sentença.

E ela, sentença, pode não agradar a todos mas, põe fim à questão e, o tempo se encarrega do resto.

Case sim! De todo modo, as estatísticas mostram que mais gente se casa do que gente se separa.