A Inveja tem Facebook

with Nenhum comentário

Quem já não viu na sua timelinepostagens com esse tema?

Vamos começar do começo: quem quer privacidade não tem perfil aberto nas redes sociais.

Mas a verdade nua e crua é que as pessoas não querem privacidade e, muito ao contrário, querem sim se expor cada vez mais.

Para o Direito de Família, os perfis sociais das pessoas são fontes de grande material para prova, por exemplo, nos processos de alimentos. Pais que juram ser pobres e sem possibilidade de pagar alimentos, mostram fotos de festas, carrões e viagens, que derrubam inteiramente a defesa que foi feita num processo.

A sede de ter cinco minutos de fama ou ser celebridade entre os amigos, postando uma foto num barco no final de semana, às vezes, joga toda uma defesa processual no lixo, quando a parte contrária e credora dos alimentos prova que além de ter o barco, aquele devedor de alimentos ainda faz festas nele no final de semana.

As pessoas hoje em dia têm uma necessidade enorme de se exporem, de aparecer, de parecerem legais. Bom mesmo é estar sentado num café em Paris e postar a foto. Ainda que a viagem tenha sido paga em milhas e prestações infinitas no cartão de crédito.

E as baladas? Cada vez mais caras e mais cheias de muitos amigos são alvos de fotos e mais fotos com mulheres bonitas e cheias de carinhos com o dono do perfil.

Depois, o dono do perfil posta que a Inveja tem Facebook… Só rindo mesmo.

Dentro ainda dessa exposição, há a menos glamorosa que se refere ao término do relacionamento.

Marido e mulher se expõem na rede mundial como se aquele relacionamento fosse o mais importante do mundo. Se enganam. Algumas poucas pessoas perdem tempo com revistas de fofocas sobre celebridades e seus divórcios, mas os mortais normais conseguem somente arregimentar meia dúzia de simpatizantes de lado a lado.

A mulher traída começa a mandar recados para a “outra” na sua página e, o marido muito vigoroso posta suas fotos com a nova beldade que tem a metade da idade da anterior e jura que o ama.

O nome disso não é exposição. O nome disso é baixaria.

Quando então, os arregimentados por um ou por outro que está se divorciando entram no meio, aí sim a coisa pega fogo. Amigos do casal que se prezam, devem manter uma segura distância desse circo que foi armado para que, no picadeiro, ambos apresentem seu show de horrores.

Os filhos, pobres deles, ficam expostos – pois também têm seus perfis – muito embora as redes sejam somente para maiores de idade.

No final, isso tudo serve somente para que Juízes e Promotores estejam cientes da vida do casal extra autos ou, fora do processo. Advogados de parte a parte usam essas informações para criar mais tumulto processual e o direito de família segue sendo um ramo do direito a que poucos profissionais se dedicam,  por causa de não quererem participar dessa empreitada que, no fim, é difícil mesmo.

O recato na vida, muito embora essa palavra esteja muito mal interpretada ultimamente, é de muito bom gosto.

Ser recatado não é ser submisso ou ser retraído. Recato é discrição, é menos, é proteção pessoal.

Ao contrário do que se pensa, falar mal do ex nas redes sociais não é bonito e nem gera compaixão. Atrai os urubus,  que voam sobre a carniça e sobre os ossos que sobraram daquela relação.

Não se exponha demais nas redes sociais e, case sim mas, ao contrário da festa de casamento, que deve ser alardeada, mantenha sua separação ou divórcio dentro da mais ampla discrição. Isso vai trazer somente benefícios para você, para seu ex parceiro ou parceira e, também para o processo.